Me Precipitei! e agora, o que devo fazer?
 

 

Não devemos agir de forma precipitada, quando estamos diante do problema. O homem sensato sempre pensa antes de agir, mas o tolo anuncia a sua ignorância. (Pv 13,16). 

Temos que nos colocar diante do altar de Deus, colocando os problemas nas suas mãos para que sejamos orientados. Jamais devemos agir por impulso e, por isso, devemos aguardar as instruções do Senhor, pois Ele nos mostrará o melhor caminho a ser seguido. Muitas vezes agimos por impulso sem aguardar a resposta de Deus. Talvez uma das piores desilusões do crente seja tomar uma decisão errada, por não ter esperado a resposta do Senhor. Nem tudo que achamos que é certo está de acordo com os planos de Deus. No entanto, muitas vezes, acabamos agindo de forma precipitada e totalmente contrária à direção de Deus, visto que, em muitos momentos, nos sentimos acuados não enxergando uma solução por parte de Deus. Quando a situação ou o problema se torna mais insustentável, explodimos por meio de palavras e atitudes. Quando agimos de forma errada, logo em seguida, percebemos que tomamos uma atitude totalmente precipitada. É justamente nesse momento que o pecado vem à tona, visto que nos desviamos moralmente, levando-nos a uma conduta ofensiva aos olhos de Deus. E agora, o que fazer para contornar o problema ????


Durante a primeira fase do Curso de Capacitação para Obreiros, aprendemos que ética cristã, no contexto evangélico, é um somatório de princípios que formam e dão sentido à vida cristã normal. É a marca registrada de cada crente. Enquanto a ética humana muda conforme as tendências da sociedade, a cristã tem sua própria lógica e consistência, quando baseada na Bíblia. Além disso, absorvemos a idéia de que a ética cristã repousa sobre as bases igualmente definidas, quais sejam: o Decálogo, os Profetas e os Sábios do Antigo Testamento. Desta forma, a fim de defender minhas idéias, procurei buscar várias passagens bíblicas, onde várias pessoas acabaram pecando, visto que tomaram atitudes precipitadas após um momento de crise. O mais interessante é que para cada atitude precipitada e reação posterior, houve uma conseqüência diferente.


Uma das principais passagens bíblicas (Gn 3, 1 a 24), que nos mostra como o pecado entrou no mundo pela decisão voluntária dos nossos primeiros pais: Adão e Eva, mostra-nos uma situação gerada pelo inimigo, com o intuito de questionar a Deus com relação ao fruto da árvore do meio do jardim, que não poderia ser comido e nem tocado para que não morressem. Naquele momento, numa atitude de total desobediência e iniciativa de Eva, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também à Adão, e ele o comeu. Na verdade, a mulher olhou para aquela árvore e achava que era boa e agradável aos seus olhos, assim como lhe pudesse dar entendimento. Num momento de inteira crise, acabou se precipitando e tomando uma atitude de desobediência. O mais interessante que a primeira atitude de Adão e Eva foi se esconder da presença de Deus, pois sentiram medo, e, conseqüentemente, perderam a comunhão com Ele. Tentaram esconder o pecado e tocar a vida como se nada tivesse acontecido. Após Adão ser questionado por Deus, acabou acusando Eva pela atitude que tomaste, não assumindo sua responsabilidade pessoal; e quando Deus questionou Eva, substitui sua culpa pela acusação a outros. Não houve arrependimento dos seus erros e nem pedido de perdão. Algo parecido ocorreu quando após Caim matar seu irmão Abel, tentou esconder seu erro, dizendo que não sabia o que havia acontecido com ele. ndoentou esconder seu erro
Meditando em Gn 16, 1 a 3, observamos que Sara estava passando um momento grande de crise, pois se considerava estéril por não poder gerar filhos. Mesmo sabendo que Deus havia falado com Abrão, tomou a iniciativa de fazer cumprir as promessas que Deus havia feito a ele e cometeu tremendo erro que lhe trouxe graves prejuízos morais e espirituais. Todavia os anos de espera tornaram-se muito longos e Sara, que era estéril, certamente sentia ser ela o impedimento da resposta aguardada por Abraão. Querendo ajudar seu marido, propôs abrir mão de seu direito de ser a única mulher na vida de Abraão, e ofereceu-lhe sua escrava Agar para através dela, gerar um filho a Abrão, pensando, assim, estar cooperando com Deus no cumprimento de Suas promessas. Solução fácil para um problema que se prolongava. E em um momento de cochilo espiritual, Abraão ouviu a voz de Sara (Gn 16.2), e aceitou a escrava Agar por mulher. Agar concebeu e deu à luz um filho que recebeu o nome de Ismael. Sara achava que estava ajudando a DEUS. Apesar de parecer bom, ofende a DEUS, pois prova a falta de fé NELE. Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam ( Hb 11.6).


Os frutos colhidos por Sara e Abraão, dessa precipitada "semeadura", não foram nada agradáveis, pois tiveram lamentáveis conseqüências: atrito no lar; angústias e esfriamento na fé; e ódio, rancor e guerras entre irmãos.


Abrão tinha 86 anos quando Agar deu a ele Ismael. Durante 13 anos em silêncio, Deus na sua misericórdia manifestou-se de novo a Abraão. Ao longo deste tempo certamente Abrão não deixou de orar e buscar a Deus, pois se arrependeu de sua atitude precipitada em ter um filho. Naquele momento Deus fazia um concerto entre Ele e Abraão, dizendo que seria pai de uma multidão de nações, mas determinou que ele andasse na presença de Deus e fosse perfeito. Cumpre destacar que, em momento algum, diferentemente da atitude de Adão, Abraão acusou a sua esposa Sara. Destaca-se, também, o fato das conseqüências desse fato pendurarem até os dias de hoje, em função da discórdia e desarmonia entre os povos no Oriente Médio.


Conforme podemos observar, houve um paralelo nas ações entre Sara, que tomou Agar e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, e Eva que tomou-lhe do fruto e deu também ao marido (Gn 3,6). Em ambos os casos, a mulher intencionalmente tomou a iniciativa, e o homem aceitou passivamente. Ambos arcaram com as conseqüências, no entanto as ações posteriores foram diferenciadas, visto que Abrão havia se arrependido, pedido perdão e buscado a presença de Deus.


Em 2 Samuel 8 e 10 mostram que Davi era um guerreiro bem-sucedido. De fato, seu papel como um dos primeiros reis era de comandante do exército de Israel. Ele corajosamente conduziu suas tropas a vitória após vitória. Mas, num determinado ano, Davi ficou para trás e mandou Joabe e seus servos à batalha (2 Samuel 11,1). Enquanto muitos dos homens de Israel arriscaram a vida na guerra, ele ficou na casa do rei em Jerusalém. Uma vez que Davi se colocou no lugar errado, ele foi tentado. Ele viu Bate-Seba, uma mulher bonita, tomando banho (2 Samuel 11,2). Neste momento de crise, ele deveria ter virado os olhos para outra coisa, procurando não pensar mais na imagem do corpo da mulher de outro. Davi, de quem se diz ser o homem segundo o coração de Deus, assim como cada um de nós o é, pecou, ou melhor, Davi cometeu uma série de pecados. Ele foi um pecador em série. Como sempre acontece conosco, que nunca incorremos num pecado só, Davi cometeu vários: primeiro, ele pecou ao cobiçar a mulher do próximo; em seguida, ele pecou armando o esquema para ficar com a mulher amada; depois, ele usou pessoas inocentes para matar um membro inocente de suas forças armadas; a seguir, ele matou uma pessoa inocente, e por último tocou a sua vida como se nada tivesse acontecido. Tomou inúmeras decisões precipitadas. Naquele momento Deus usou o Profeta Natan para falar com Davi de uma forma diferente (2 Samuel 12. a 15).


Observamos diferenças notáveis quando comparamos a confissão de Davi com outras famosas confissões na Bíblia. Adão e Eva procuraram culpar outras pessoas para justificar sua desobediência (Gênesis 3,12 a 13). Caim mentiu para Deus, tentando negar sua culpa (Gênesis 4,9). Arão apontou o dedo para o povo, e fingiu que o bezerro de ouro tinha aparecido praticamente sozinho (Êxodo 32, 21a 24). Saul disse que tinha obedecido a palavra de Deus. Depois, quando reconheceu sua culpa, ele se preocupou em manter sua posição de honra perante o povo, em vez de mostrar um espírito quebrantado (1 Samuel 15:13,24,30). Judas sentiu remorso e confessou sua traição, mas fugiu da presença de Jesus e se suicidou (Mateus 27, 3 a 5). Mas o arrependimento e a confissão de Davi foram diferentes. Davi não ofereceu desculpas. Ele não perguntou sobre as conseqüências. Ele se entregou nas mãos do Deus justo, e simplesmente confessou a culpa do pecado cometido: "Pequei contra o SENHOR" (2 Samuel 12,13). O Salmo 51 mostra a profundidade do remorso de Davi. Ele assumiu plena responsabilidade pelo pecado, e pediu a ajuda de Deus para renovar seu coração. É este arrependimento que Deus quer. O pecador que volta para Deus precisa reconhecer seu pecado, e não retornar fingidamente. “Tão somente reconhece a tua iniqüidade, reconhece que transgrediste contra o Senhor, teu Deus, e te protistuíste com os estranhos debaixo de toda árvore frondosa e não deste ouvidos à minha voz, diz o senhor (Jeremias 3, 10 e 13).


Após as meditações acima, podemos colher diversos ensinamentos referentes às nossas atitudes, após tomarmos atitudes precipitadas:
a) Esconder o pecado e tocar a vida como se nada tivesse acontecido. Quando recebeu a Natan, Davi não o recebeu com a vergonha de um pecador, mas com a certeza da manutenção do seu segredo;

b) Justificar o próprio pecado. Sim, eu pequei, mas a culpa foi dos meus amigos que me levaram para o desvio. Sim, eu pequei, mas a culpa foi dos meus pais que não me instruíram no caminho do bem. Sim, eu pequei, mas a culpa foi da minha igreja, que não me orientou os passos adequadamente;

c) Moralizar, isto é, dispor-se a acusar os outros pelos seus erros. Davi ficou furioso com o vilão da história contada por Natan. A injustiça cometida pelos outros nos deixa indignados; e

d) Aceitar a culpa, mas sem pedir perdão.


Na verdade, muito sofrimento terá de curtir o ímpio [que não se arrepende], mas o que confia no Senhor [confessando-Lhe o pecado], a misericórdia o assistirá. (Salmo 32.10). O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia (Pv 28,13). Durante um dos cultos de doutrina, aprendemos que a bênção chega quando o pecado é confessado, pois há misericórdia de Deus. Temos que reconhecer os nossos erros, em função das nossas atitudes tomadas precipitadamente, assumindo a nossa responsabilidade pelo pecado e pedindo perdão a Deus.

Muitas vezes, durante uma discussão conjugal, por confessarmos palavras abusivas, acabamos absorvendo mágoas e ficando em silêncio. No entanto, não temos coragem de lançar fora nosso orgulho, retroceder, reconhecer nossos erros, mesmo que estejamos certos, e pedir perdão. Durante uma crise e precipitações precisamos renunciar algo para colhermos os frutos lá na frente. Que possamos absorver os ensinamentos de Abrão e Davi, deixando de lado as atitudes ofensivas de Adão, Eva e Caim. Me precipitei, e agora ? Me arrependi, confessei e pedi perdão. 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Untitled Document