Depois de refletir, o que aconteceu comigo?
 

 

“Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados, não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu, porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória; mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. (1 Co 2, 6 a 9).


A poucas semanas fizemos dois trabalhos sobre momentos de crise e precipitação. Foi ressaltado que os momentos de crise na vida de um Cristão podem ser separados em diversos níveis: situações onde o vento sopra de forma mais branda e outras de forma bastante impetuosa, imaginando estar velejando num barco, navegando em águas tranqüilas e, de repente, surgindo uma grande tempestade, deixando o barco à deriva, ou seja, totalmente sem rumo e direção. Neste momento, nem as nossas próprias forças são capazes de contornar as nossas adversidades. Ressaltamos, também, que a primeira reação durante um momento de crise é a precipitação e que para contorná-la não deveríamos esconder o pecado e tocar a vida como se nada tivesse acontecido; justificar o próprio pecado; Moralizar, isto é, dispor-se a acusar os outros pelos seus erros; e aceitar a culpa, mas sem pedir perdão. Mais sim se arrepender, confessar sua transgressão e pedir perdão.


Durante as aulas de liderança com o Professor Ricardo, aprendemos alguns aspectos relativos às características de um grande líder. Foi ressaltado que uma dessas características era ser um bom liderado e que para isso, precisávamos ter autoconhecimento. Foram realizadas dinâmicas em grupo, o que nos levou a refletir em determinadas questões ocorridas dentro da igreja, ou até mesmo, na nossa vida secular. É interessante observar que, naquela ocasião, estávamos diante de um imenso problema, que aos nossos olhos naturais não havia solução. Praticamente todos pensavam da mesma forma e não acreditavam mais que houvesse uma solução. Mostrou-se, então, que muitas das vezes estamos presos a nossa própria percepção, não encontrando soluções. Naquele momento fomos forçados a refletir e perceber que nada é impossível para o líder. Quebramos paradigmas e passamos a acreditar que não pode existir limitação nas nossas ações.


Falamos de crises, precipitações e percepções para enfatizar que durante o nosso dia a dia, estamos presos a inúmeras situações desconfortáveis, gerando um desafio a ser vencido. No entanto, muitas das vezes não conseguimos encontrar uma solução, pois não enxergamos uma saída. Talvez, porque não paramos e reflitamos com mais profundidade acerca das controvérsias que nos cercam. Não ouvimos o falar de Deus, o nosso coração está duro e a nossa mente fica limitada à sabedoria humana. Ficamos surdos e cegos. Não conseguimos administrar e otimizar nosso tempo e, por isso, vivemos correndo de um lado para o outro, sendo escravos dos afazeres mundanos. No entanto, nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em nossos corações humanos o que Deus tem preparado para aqueles que o amam, pois não houve um quebrantamento e uma reflexão acerca de nós mesmos.


Não conseguimos crescer espiritualmente porque, na maioria das vezes, escondemos de nós mesmos nosso verdadeiro ser, ocultando nossos maus pensamentos, atitudes e transgressões. Somos envolvidos pelas questões mundanas e agindo como escravos do pecado, pois ficamos cegos para as coisas de Deus. Jesus disse: “Deixando, pois toda malícia, e todo engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo...”. (1Pe 2, 1 a 2). É muito fácil encontrar justificativas para o pecado e encobri-lo, mas quando o Espírito Santo nos sonda o coração, Ele espera que haja o arrependimento, a confissão e o perdão. No entanto, não refletimos sobre as coisas guardadas no nosso coração e, por isso, não visualizamos o pecado escondido.


Quando refletimos, olhamos para dentro de nós, observamos exatamente como somos e enxergamos nossa necessidade de purificação e poder. Quando não ocorre a reflexão, olhamos somente para fora e vemos um mundo que está perecendo sem o conhecimento do Salvador. Quando passei a refletir, comecei a entender e a ter um autoconhecimento sobre mim mesmo. Jesus ensinou que o que sentimos no coração determina quem somos. Ele falou em renascer, viver com fé e ter um coração de criança. Para sermos grandes, disse Ele, precisamos ser pequenos. Para sermos líderes, precisamos servir aos outros. 


Para sermos profundos pensadores, temos que ser capazes de sentir. Tudo depende do nosso coração. Será que conhecemos nosso coração ? “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno”. (Sl 139, 23 a 24). Nossas emoções nos fazem conhecer quem somos e nos levam a fazer as coisas que fazemos. Desta forma, passamos a conhecer melhor a nós mesmos e ao nosso próximo, podendo melhor compreendê-lo; somos levados a reagir convenientemente às diversas situações; e vigiamos nosso comportamento em relação a nós mesmos e a outras pessoas.


O arrependimento e a confissão de Davi foram diferentes. Ele não havia enxergado seu pecado como deveria. Somente o enxergou quando o Profeta Nata abriu seus olhos. Porém, Davi não ofereceu desculpas. Ele não perguntou sobre as conseqüências. Ele se entregou nas mãos do Deus justo, e simplesmente confessou a culpa do pecado cometido: "Pequei contra o SENHOR" (2 Samuel 12,13). O Salmo 51 mostra a profundidade do remorso de Davi. Com certeza, reagiu dessa forma após uma profunda reflexão, e conseqüentemente, assumindo plena responsabilidade pelo pecado, e pediu a ajuda de Deus para renovar seu coração. A capa foi retirada de seus olhos e algo tremendo aconteceu: o arrependimento que antes não existia, pois não havia ainda refletido sobre os seus atos.



 

 

 

 

 

 

 

     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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