O Pr. Eliel do Carmo abriu a mediação do debate, enfatizando que o Apóstolo Paulo nos chama para examinar tudo e guardar o que é bom. Mas para isso, temos que ter estrutura para diferenciar o que é verdadeiro daquilo que é falso.

Para o Pr. Pedrão, é muito difícil encontrar alguém que tenha capacidade plena para reter somente aquilo que é bom. O que queremos, de fato, fazer, nem sempre conseguimos. Vivemos uma luta diária com a nossa carne, conforme ressaltado pelo Apóstolo Paulo em Romanos 7, 15 a 20: “Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço.  E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.  Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.  Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está.  Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico.  Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” 

Paulo, ainda, quando exorta a igreja em Tessalonicenses, diz: "Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos. Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal." (1 Tessalonicenses 5, 15 a 22). No entanto, atualmente, há muitas informações sendo lançadas, as quais precisam ser analisadas, a fim de que venhamos a reter somente aquilo que é bom, o que não é uma tarefa muito fácil, principalmente aquilo relacionado à sã doutrina.

O Pr. Adílson Henrique ressaltou que o referido tema está relacionado a três vertentes: a informação que está disponível para todos, seja por meio da internet, televisão e jornais; o conhecimento, que não é de todos, pois dependerá principalmente do grau de instrução; e a sabedoria, que talvez seja a mais importante, e somente dada por Deus.

Quando temos um bojo de coisas em nossas vidas, tentamos analisá-las por meio de nosso conhecimento. Mas nem sempre conseguimos examinar tudo e reter somente o bem, conforme ressaltado pelo Apóstolo Paulo. Precisamos de algo mais, da sabedoria de Deus, que é dada somente por Ele. Paulo, conforme ressaltado anteriormente, possuía uma grande preocupação pela forma como a igreja estava recebendo as profecias e palavras ministradas, o que já demandava uma necessidade de analisarmos e retermos somente aquilo que era bom.

O Pr. Vicente Gomes ressaltou a experiência espiritual que a igreja teve na década de 90, quando alguns líderes tentaram trazer algumas doutrinas relacionadas ao poder do diabo. Na época, chegou a ser lançado um livro sobre essa questão. O interessante é que algumas pessoas tiveram interesse em conhecer aquilo, mas, infelizmente, passaram para o outro lado e abandonaram a doutrina cristã prevista nas escrituras sagradas. Não testem! poucas pessoas tem condições de analisar tudo e reter o que é bom. Precisamos ficar longe da tentação e do pecado, visto que poderemos ser influenciados por não termos estrutura para saber o que, verdadeiramente, é bom para as nosssas vidas.

O Pr. Eli Alves de Souza ressaltou que antes de falarmos que não somos capazes, o Apóstolo Paulo já mostrava a sua incapacidade. No entanto, nos chamava a atenção, para que pudéssemos estar constantemente sendo aperfeiçoados. Por isso, a necessidade de estarmos estudando constantemente, buscando conhecimento, a fim de que possamos estar sempre atualizados, como acontece com outros grupos liberais, tais como: médicos, advogados, dentre outros.

Não podemos parar e ficar estagnados no tempo. Salomão, em Provérbios 17, 27, diz: "O que possui o conhecimento guarda as suas palavras, e o homem de entendimento é de precioso espírito." Antes de analisar um determinada informação, precisamos ser alertados, o que só acontece com o conhecimento. Precisamos ser ponderados, ter mansidão e domínio próprio, conforme descrito em Gálatas, pois a luta começa dentro de nós mesmos. Às vezes, sabemos o que é errado. Mas a tendência do natural nos arrasta para fazermos aquilo que não é correto.

Precisamos agir mais e lutarmos para que o bem prevaleça sobre as nossas vidas. Ressaltou a história do beija-flor que estava sendo criticado, pois tentava apagar o incêndio da floresta, lançando água carregada em seu pequeno bico. Esse exemplo nos mostra que devemos agir mais e falar menos, pois mesmo diante de nossas limitações, podemos fazer algo, mesmo que não faça grande diferença.

Qual seria a dificuldade do "Examinar"?

O Pr. Pedrão ressaltou que a partir do momento que examinamos, estaríamos julgando. No entanto, a bíblia nos ensina a não julgar para não sermos julgados. Nesse aspecto do examinar, teríamos de fato que julgar. Ou seja, realizar uma pesquisa aprofundada para saber se aquilo é válido ou não. Aquilo que irá abençoar ou não as nossas vidas. Muitos legislam em causa própria, não examinando o que é bom, mas sim aquilo que nos interessa. Ou seja, aquilo que nos convêm. Muitos, inclusive, acabam distorcendo a palavra de Deus para justificar alguns comportamentos. Precisamos estar pautados na palavra de Deus e ter o cuidado com as interprestações. Além disso, reter aquilo que é verdadeiro e honesto.

O Pr. Adílson Henrique deixou claro que o exame é algo mais detalhado, no entanto não precisamos fazer uma exegese bíblica para interpretar o texto. Não podemos fazer de uma forma isolada e somente aquilo que nos interessa. O exame é algo mais profundo. Antes de tudo, necessitamos aprender a selecionar. Quando lemos a palavra de Deus, há necessidade de entendermos o contexto que estamos vivendo e, assim, examinarmos. Além disso, pecisamos ter tempo para examinar. Citou o exemplo de um médico, que analisar o quadro clínico de um enfermo, solicita uma uma série de exames, por não ter certeza daquilo que está ocorrendo. Finalmente, precisamos estar prontos para sermos confrontados com o exame que estamos fazendo. Mas, verdadeiramene, precisamos ter ao nosso lado o Espírito Santo de Deus, a fim de nos ajudar a examinar e interpretar da forma correta.

Resumidamente, examinar passa por um processo de seleção, entendimento e confronto. Mas, para isso, deveremos estar preparados.

O Pr. Eliel do Carmos enfatizou que essa questão não está somente relacionada à questão religiosa, em virtude das heresias, motivadas por más interpretações, mas, também, a outros assuntos de nossa vida cotidiana.

O Pr. Vicente Pires ressaltou que estamos vivendo um momento de competição dentro das igrejas. Trouxe o exemplo do membro que teve um desentendimento em sua igreja e vai procurar um outro local para congregar. Na maioria das vezes, aceitamos a sua transferência, sem questionar o motivo de sua saída. Não examinamos a questão! Na verdade, estaríamos, de alguma forma, legalizando a sua possível rebeldia.

O exame envolve, em alguns momentos, sujar as próprias mãos. Não podemos ser testados, pois muitos não possuem domínio próprio. Ou seja, na vida cristã, o Apóstolo Paulo nos ensina a se afastar do mal. Isso, também, está voltado para o nosso relacionamento dentro da sociedade. Não podemos entrar numa boate, a fim de conhecê-la ou saber o que acontece dentro daquele local. Ou, até mesmo, experimentar algo que sabemos que é proibido.

Quando examinamos, estaríamos de alguma forma julgando?

O Pr. Eli Alves de Souza nos mostrou que temos que ter o cuidado com essa questão. Estamos julgando ou fechando os olhos para não ver o evidente? Entende que julgar está voltado para aquilo que não conhecemos e, por isso, criamos suposições. No entanto, quando é nítido aquilo que está acontecendo, não estamos julgando. Às vezes, sabemos que é errado e inconveniente. Mas, quando acontece com ela, deixa de ser inconveniente.

Trouxe nos o exemplo do varão que cobiça a mulher casada. Antes era errado, entretanto agora a sua atitude passou a ser justificada e conveniente. Se sabemos que não é certo, por que não conseguimos vencer? Ou seja, aquilo que é, de fato, errado vai depender da conveniência de cada um.

Enfatizou Tito 2, 6 a 10: "Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, Linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. Exorta os servos a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não contradizendo, Não defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador".

Reter o que é bom é algo pessoal. Cabe a cada um de nós aceitar ou não. Não podemos ser coniventes com a filosofia mundana que diz que todo o homem tem o seu preço e que é fraco e burlável. Alguns dizem: caiu por tão pouco! ou seja, cair por muito é aceitável. Mesmo sabendo que, na maioria das vezes, infringimos as leis do homem, mas fazemos porque é conveniente para nós.

Além disso, Temos que olhar para a nossa vida e não ficar olhando para a vida dos outros. Precisamos ser coerentes e equilibrável. Vamos aprender o que é bom e correto, bem como ter uma vida de integridade, por intermédio da palavra de Deus. Não posso julgar aquilo que o outro está fazendo. Se tiver oportunidade, posso orientá-lo, como diz em Ezequiel 33, 8 e 9: "Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para dissuadir ao ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, porém o seu sangue eu o requererei da tua mão. Mas, se advertires o ímpio do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniqüidade; mas tu livraste a tua alma."

Não podemos pois, ficar omissos ou indiferentes ao irmão que erra, mas buscar a sua salvação, ajudando-o a abandonar o caminho do pecado. Devemos assumir a missão de sermos vigias uns dos outros, como nos revela as palavras de Ezequiel. Vigia é aquele que guarda a cidade ou a casa, para protegê-la dos perigos. Ser vigia do irmão não é espioná-lo para publicar seus erros e difamá-lo. Vigiar o irmão significa estar sempre guardando sua vida, evitando que ele se afaste do caminho da vida e se deixe seduzir pelas veredas do pecado e da morte. A missão que Ezequiel recebe é de corresponsabilidade diante do erro do irmão. As palavras do Senhor são bem claras: se o profeta não orientar o irmão que erra e, por causa disso, este vier a perecer, ele será responsabilizado pelo que acontecer ao irmão. Ao contrário, se o profeta advertir, corrigir o irmão e este ignorar, não será responsável, mesmo que ele venha a perecer.

O Pr. Pedrão ressaltou, mais uma vez, que estamos sendo invadidos por falsas heresias. Precisamos estar atentos! para isso, necessitamos conhecer e manusear bem a palavra de Deus, a fim de que possamos peneirar aquilo que não procede do Senhor. Enfatizou que além do nosso coração ser enganoso, somos também tendenciosos. Na maioria das vezes, somos inocentes. Nunca reconhecemos os nossos erros, pois sempre procuramos justificá-los, da mesma forma que Adão pecou e acusou Eva no Jardim do Éden, pelo pecado praticado.

Ao final do debate, o Pr. Adílson Henrique resumiu, participando que, para examinarmos e retermos o que é bom, precisamos da orientação do Espírito Santo de Deus, da leitura bíblica diária, desejo de ser melhor para Deus e aceitar ser confrontado em virtude de nossos erros. Quando percebemos que necessitamos melhorar, certamente examinaremos muito mais, orando e buscando à luz do Espírito Santo. Desta forma, conseguiremos atingir o alvo.

Ao final do debate, 47% das pessoas afirmaram não ter estrutura para reter aquilo que é bom. No entanto, esse reconhecimento é importante para que possamos examinarmos a si mesmos, a fim de sermos confrontados e crescermos como cristãos.